#4 Red Flags Tier-2
Não seria melhor eu colocar no título apenas "Não Tenho Gato #4" e pontuar os principais assuntos no subtítulo?
Tempos atrás, foi assunto na Outra Rede a história de um rapaz (não citei nenhum nome, ok?) que teve caso de traição exposto pela dita amante, onde outras mulheres também complementaram com histórias envolvendo o mesmo cabra e etc. Aquela fofoca e baguncinha gostosa que é melhor para a sua saúde só olhar de longe e não participar tanto. Quando uma foto do rapaz apareceu na timeline, eu fiquei sem acreditar, pois ele estava usando uma camiseta de banda de hardcore melódico. Sério, galera? Ninguém viu os sinais? Hardcore melódico, uma anomalia cultural, criatura sem pai ou mãe assumidos, espaço de onde só sai os mais difíceis de recuperar. Pelo perigo desses sinais "tier 2" passarem abaixo do radar, fica aqui alguns red flags não tão óbvios para a maioria das pessoas:
Justin Timberlake
Gostar de Justin é uma espécie de solteirice performática. Mas não seria uma performance para outras pessoas, para mulheres se atraírem. É uma performance para você mesmo. Você está tentando se convencer que tem poder, que é uma bomba do sexo pronta para explodir. É como se fosse um RPG de ser pegador onde você não sai da construção do seu personagem. A pessoa que ainda está presa ao Justin Timberlake não é lá das melhores escolhas para se envolver porque ela SEQUER está solteira. Ela está num simulacro de estado solteiro. Ela precisa sair da Matrix que é Justin Timberlake. Infelizmente, o Morpheus dessa matrix é o Timbaland e ele fará de tudo para que você fique preso em seus beats por mais 15 anos.
Nintendo
"Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
Ter loucuras por uma mulher"
Supostamente, esse trecho da canção "Nervos De Aço" seria sobre a ex-esposa do compositor de samba Paulinho da Viola. No entanto, poderia muito bem ser sobre a empresa Nintendo, considerando que esta já existia há muito tempo quando a canção foi lançada, em 1973. A Nintendo é, de fato, a musa inspiradora de milhões. Ela encanta com o básico, surpreende ao se autorreferenciar, diz muito sem precisar falar quase nada. Sua adoração não vem do acaso, mas ainda é uma adoração, uma paixão sem freio, um grito uníssono de torcida de futebol que lota o estádio. O indivíduo em situação de nintendista ama intensamente, para o bem e para o mal. Você pode não estar preparado ou preparada para o que ele pode oferecer. É um trem desgovernado de sentimentos. Cuidado.
"Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar"
Portela? UMA OVA! Paulinho tá cantando sobre como se apaixonou pela Nintendo, eu sei.
Avatar de Oyasumi Punpun
Essa já é óbvia para a galera dos mangás, mas não custa avisar para quem é de fora. O que é Oyasumi Punpun? Resumindo BEM, é o mangá de um menino que começa purinho, sem muita identidade própria, aí fatores ruins (e ausência de bons exemplos) vão fazendo ele ter dificuldade de definir sua identidade direito e ele se torna um adulto disfuncional e escroto socialmente. Agora, pensa comigo, o que EXATAMENTE uma pessoa quer passar quando coloca avatar do protagonista dessa história? É um aviso? "Atenção! Eu já fui uma criança legal e as circunstâncias fizeram com que eu me tornasse uma pessoa perigosa de socializar. Não diga que eu não avisei". Ele quer dizer que entende que o mangá é um alerta geracional japonês? Não seria mais positivo você usar o avatar do executor do Abe Shinzo?
Bets num geral
Desde os primórdios, o homem aposta. É um instinto primitivo fazer apostas. A própria fé é, no fim das contas, a aposta numa razão maior. Atualmente, o homem aposta simplesmente porque pode. Não há nenhuma barreira que o impeça de botar dinheiro numa chance de vitória envolvendo acertar quando haverá o primeiro gol, número de cartões, se um cachorro vai invadir o campo, etc. Ele só está seguindo o seu instinto. Um usuário recorrente de bets fará qualquer coisa que ele pode fazer, independente se isso vai te magoar ou não. Mais do que isso, ele irá fazer da probabilidade de te magoar e abalar o relacionamento uma aposta. Se ele ganhou R$200,00 num jogo de Série B no Domingo passado, ele consegue esconder uma traição de você.
[Bônus]
1- Tenho passeado pelo substack após começar a postar. Muito conteúdo bacana! Fico até com vergonha de indicar alguém que seria tipo o Casimiro das newsletters e eu não tava sabendo, mas algumas que eu botei fé seriam Segredos Em Órbita, Não Sei Desenhar, Dia Sim Dia Não, .flows magazine e Escute Esta Canção. Já conhecia bem antes, assim como todo mundo, o eu destruirei vocês e o respondendo, além de estar vendo agora colegas que aprecio e tem postado recentemente na plataforma como Hynx, Fata Morgana e descanso de tela.
Há também posts específicos que eu adorei:
2- “Clark Joseph Kent, A.K.A. Clark Kent… Jeezus, look at him! Você tem um físico bem aesthetic~ para um desenho, não é mesmo? Você chegou nesse corpo com treino ou usou do suco? Você fez ~amor~ com o suco? Você vai parar por aí ou almeja ser um freak? Mulheres e homens do mundo inteiro querem o seu… BaseBall Bat. Eu? Eu só quero a verdade. Aqui, eu vou te analisar, julgar e chegar ao veredito **BATE O MARTELO**: Clark Kent, você é natural ou… FAKE NATYYYYYYYYY?”
3- MUITO BOM ver a galera na internet empolgada com EVO esse último final de semana. O jogo de lutinha é a modalidade de esporte que realmente une o povo. A comunidade de jogos de luta é como a roda de samba dos video games.
4- Mais esporte que jogo de lutinha, só Excel, que teve transmissão oficial pela ESPN.
5- RIP Aracy Balabanian e William Friedkin. Como maior parte da minha geração, a lembrança mais forte que tenho da Aracy vem de Sai De Baixo. É engraçado ver como os erros de gravações e quebra de personagem ficaram mais marcantes que a própria série. Muitos desses momentos vem da figura da Aracy, quando o Falabella recordava histórias da TV envolvendo ela no meio da cena ou quando o Ribamar indagava a razão da Cassandra estar sempre bem vestida se ela nunca saía do teatro onde o programa era gravado. Como foi destacado na matéria d’O Globo, e relembrado muitas vezes pela própria, Aracy era filha de refugiados armênios decorrentes do genocídio que serviu como uma das bases para a construção do próprio termo genocídio. Tem um episódio do podcast História FM que aborda bem o assunto.
Sobre William Friedkin, há algumas semanas, por conta do confronto entre estúdios/plataformas e os sindicatos de atores e roteiristas, circulava na rede um vídeo excelente e hilário de Friedkin contando a história da première de Exorcista 2. O primeiro Exorcista, pelo o que eu percebo e lembro da época do seu relançamento, na condição de ícone do horror e filme que furou a bolha, é uma obra responsável tanto por puxar uma galera de fora do gênero para dentro, quanto repelir pessoas. Se tem alguém que imediatamente descarta assistir um filme só de ver que ele é terror/horror, Exorcista provavelmente é um dos principais responsáveis por isso.
6- Paulinho da Viola, o senhor realmente quer me convencer que essa letra não é sobre a filosofia da Nintendo na era da indústria dos jogos triple-A que só tenta encantar a molecada adulta com gráficos cada vez mais realistas? Mesmo?
