Nesse quadro, abordo um conhecido da minha internet com 20 perguntas rápidas. Por mais que seja como um caderninho de perguntas da Nicole do 6º ano B, os questionamentos são pensados para cada pessoa. Mas você também pode respondê-los mentalmente enquanto lê. Era o que eu fazia quando folheava quadros de pergunta de famosos naquelas revistas Quem ou Tititi.
Já participaram: Samuel Hynx, Natália Zilio, Mario Caruso, Yuri Petnys e Mariana Barros.
Está difícil fugir da rede social do momento, já que volto a trazer até aqui o BlueSky, o site que, dentre os poucos benefícios e muitas ausências de desgraçamentos normalizados, trouxe a oportunidade de retomar contato regular com algumas arrobas que haviam desistido do Twitter muito antes da gente sonhar com essa possibilidade. Uma dessas arrobas é o Guilherme

Anos atrás, eu acompanhava o Guilherme (Neo) e outros colegas de internet comentando sobre games no Twitter e em demais sites sem limites de caracteres para se expressar, como o GAMESFODA. Aqui, será que vou puxar o Neo para o sazonal questionamento-gatilho sobre games serem ou não arte? Dissonância ludonarrativa? Qual foi o famoso que tirou foto no estúdio do Kojima que ele mais curtiu? Espera, essa última pergunta até que não seria ruim.
1. O que você sente quando termina de escrever um texto?
Guilherme: sinto que ainda estou no meio do processo porque amanhã vou ter que reler e mudar um monte de coisas. recentemente minha auto-revisão tá meio capenga então estou tendo que me adequar aos conselhos alheios de deixar passar uma noite antes de saber se está legal mesmo. mas quando essa parte acaba eu fico feliz por ter Terminado Algo e meio ansioso pela reação das pessoas que vão ler. me chama mais atenção em quem simplesmente leu do que quem comentou ou demonstrou que esteve lá de maneira mais material (por curtida, etc) porque acredito que o algoritmo do youtube trucidou a ideia de comentários na internet, enquanto a simples leitura que te permite pensar no que leu depois acaba sendo uma forma um pouco mais íntima de apreciar algo. quando eu nem sei que alguém leu e alguns dias depois essa pessoa comenta algo comigo demonstrando que o fez, sinto um misto de desespero e alívio por não ter controle sobre todas as coisas do mundo.
2. Qual é o seu remédio predileto?
Guilherme: por muito tempo foi neosaldina porque soa parecido com o nick que eu usava no twitter, mas hoje é a dipirona mesmo, desde que ela esteja sozinha. não gosto quando vem com cafeína ou citrato de orfenadrina — o retrogosto atrapalha e não ajuda em nada com a dor.
3. Um cuidado que pode ser considerado desnecessário, mas que você faz questão de manter
Guilherme: tomar um solzinho de vez em quando. a dor nas costas nem sempre é por causa da idade!
4. O que você acompanhava na internet por volta da década de 2010?
Guilherme: acredito que foi por aí que me tornei “heavy user” de internet e isso significava forçar a barra um pouco pra ser meio diferente do resto do pessoal com o qual eu estudava. comecei a ler chan e o vale tudo do UOL, mas me irrito muito quando lugares “alternativos” se demonstram só um negócio ultra normie com mais camadas então larguei logo. minha atividade principal era twitter e os grupos de MSN onde estavam meus amigos. por influência da pessoa com a qual eu namorava na época, acho que as coisas mais interessantes que eu acompanhava eram alguns ARGs de terror - o analog horror dos millennials. marble hornets, por exemplo, foi algo que adorei assistir enquanto saía e ficar horas e horas lendo teorias em fóruns depois de cada vídeo. vários similares também, tipo TribeTwelve e creepypastas de videogame.
hoje em dia tudo é sistematizado então as Novas Artes precisam ser novas de outras maneiras, mas essas coisas me ajudaram muito a entender a infinitude de jeitos como você pode criar, desenhar, filmar, contar e escrever histórias.
5. Qual obra uma pessoa que você admira muito elogiou ou declarou ter apego pessoal, você foi atrás com o anseio de sentir algo forte também, mas acabou não batendo tanto contigo?
Guilherme: isso não costuma acontecer comigo pois nunca espero nada do negócio que não ele mesmo, mas não consigo imaginar como o Piquenique na Estrada dos irmãos Strugatsky inspirou o Tarkovsky a ponto dele fazer Stalker, que é um filme maravilhoso.
6. Os álbuns de 2024 que você mais gostou
Guilherme:
“Carnaval eu Chego Lá” - Giovani Cidreira
“Tobogã” - Lô Borges
“The First Fist to Make Contact When We Dap” - R.A.P. Ferreira
“Milton + Esperanza” - Milton Nascimento e Esperanza Spalding
o da Taylor versão Anthology
7. Três lugares da cidade, fora o seu lar, onde você se sente mais em casa
Guilherme: qualquer vagão de metrô meio vazio pois me lembra da época que eu matava aula só pra ficar andando pra lá e pra cá nas linhas. a Pinacoteca de São Paulo porque é o segundo melhor museu que eu já visitei e o shopping Boulevard Tatuapé também por motivos de aula assassinada.
8. O seu quarto jogo favorito e qual lembrança mais forte você tem com ele
Guilherme: quando eu descobri que o idioma fictício de “Breath of Fire: Dragon Quarter” é baseado em Russo por causa dos pôsteres de propaganda e os desenvolvedores queriam dar um ar opressivo e distópico pro jogo. acho interessante a ideia de um idioma inteiro cujo legado é o fascismo. nem alemão é assim!
9. Um momento da história que você gostaria de estar observando de perto, mas sem participar
Guilherme: o concílio de Niceia. não gostaria de mudar nada do que foi estabelecido lá (por birra), mas queria ter visto como foram as discussões que levaram às decisões.
10. Qual é a sua parede favorita?
Guilherme: a capa do disco “this is all yours” do alt-j. pra mim é uma parede
11. Algo que você viu em algum filme que você gostaria de fazer se tivesse a oportunidade
Guilherme: no filme godzilla 2000 (lançado em 1999), o godzilla já existe no mundo há muito tempo, então é como se ele fosse um desastre natural. por causa disso, tem um grupo de tietes do godzilla que fica seguindo qualquer aparição dele como aqueles caçadores de furacões. eles andam numa van e ficam tirando fotos, entrevistando pessoas em volta, etc. gostaria de ter esse trabalho.
12. Uma pintura que te faz pensar em algo que você detesta em si mesmo
Guilherme:
Sjalusi - Edvard Munch, mas podia ser qualquer uma dele onde tem alguém verde.
13. Um vídeo do Youtube com mais de 2 horas que você tem muito apreço
Guilherme:
14. A pessoa mais intrigante que você já encontrou num sonho
Guilherme: uma versão do Nicolas Winding Refn que estava escrevendo os quadrinhos do Sonic comigo.
15. Um jogo que te deixa mais satisfeito ao
pular: forspoken
dialogar: disco elysium
defender: harvey birdman: attorney at law
correr: mega man x6 mas só com o zero
abrir o mapa: final fantasy xv
salvar o jogo: xenogears
morrer: panzer dragoon saga
16. Um comentário que fizeram para você na internet que te deixou pensativo por algum tempo
Guilherme:
17. Qual é a sua Madoka preferida?
Guilherme: Sayaka.
18. Como você imagina que Deus se pareça?
Guilherme: Uma versão mais andrógina do Travis de Killer7.
19. Sua tela de créditos finais de jogo favorita
Guilherme:
de el shaddai - ascension of the metatron
20. Qual pergunta eu não fiz que você gostaria que eu tivesse feito?
Guilherme: “onde você acha que fica o purgatório?”
☆ Deixe um recado para quem está lendo
Guilherme: tente ser o próprio estopim de pelo menos um pensamento por dia. não deixar os feeds, algoritmos e obrigações guiarem todo o seu processo mental.